sábado, 4 de agosto de 2018

Joe Kubert e as REFERÊNCIAS!



(Joe Kubert, uma lenda dos quadrinhos, é fundador da Joe Kubert School of Cartooning and 
Graphic Art. Você pode conhecer o trabalho dele na graphic novel Sgt. Rock: Between Hell and 
a Hard Place pela DC Comics).




       " O uso de referência é absolutamente essencial para uma comunicação 
gráfica bem executada. No caso: QUADRINHOS!. Como a maioria das HQs
(Histórias em Quadrinhos), lida com tópicos que existem apenas na nossa imaginação,
 as figuras que eu ilustro para a historia precisam ser convincentes e realistas, 
não importa qual seja o tema escolhido.



     Um soldado não fica bem se seu equipamento for desenhado incorretamente. 
E seu Jipe não pode parecer um carrinho de brinquedo, e seu tanque precisa 
parecer real ou ele não será real para o leitor.


        Não se limite a uma única referência para a figura em questão. Você precisa de 
uma visão de todos os ângulos para não se limitar a uma pose específica. 
Se, por exemplo, seu tema for dinossauros, é preciso saber como é a aparência das 
criaturas de diversos ângulos. Ter apenas uma referência implica em desenhar a 
mesma coisa sem variações, porque você não vai saber como é o objeto visto de 
um ângulo diferente. Quando isso acontece, é a referência que está usando você, 
não o contrário.



        Assim sendo,  arranje quantas figuras puder, e certifique-se de que são 
boas referências. Cheque a credencial das ilustrações de dinossauros (quem são os
 artistas). Existiam bem poucas câmeras naquela época.

       Se possível, visite um museu local e faça esboços dos dinossauros, em exibição. 
Há vários bons livros contendo ilustrações bem pesquisadas. Estude os esqueletos. 
Como eles se moviam? Quão grandes eram? Quanto mais você aprender sobre eles,
 mais eficazes serão os seus desenhos.

        Cineastas fizeram coisas incríveis ao criar mundos que já não existiam mais - ou nunca 
existiram. Eu mal consigo imaginar a montanha de pesquisas na qual eles tiveram 
que mergulhar para conseguir chegar ao nível de realismo necessário refletido em 
seus filmes.



         Quando criei meu personagem Tor, precisei descobrir como o mundo devia ter 
sido um milhão de anos atrás. Tive que fazer minha historia parecer convincente.
homem existia na mesma época do que os dinossauros? Ninguém nunca provou
 ou descartou esta hipótese. Só sabemos que os dinossauros existiram. 


    Tor, o homem, precisava ser convincente também. Encontrei referências para as lanças 
de pedra lascada, machados de pedras e corda de couro trançado, supostamente usados 
pelos homens primitivos. Seus negros cabelos selvagens são longos, para proteger o 
pescoço e as costas. Seu cabelo é curto na frente, para que sua visão não fique obstruída. 
Tor, para mim, não é apenas um desenho. É alguém que conheço, que quero que meus
 leitores aceitem e acreditem ser real.


    Pediram que eu ilustrasse uma historia sobre combates aéreos durante a Primeira 
Guerra Mundial. Além dos pilotos, outros grandes personagens eram os aviões. O título 
da historia era "Ás Inimigo!", escrito por Robert Kanigher. Ele pesquisou táticas de vôo,
 armamentos aeronáuticos e tipo de homens que pilotavam aqueles "caixões voadores". 





       Eu tive que fazer a minha pesquisa também. Eu li e consegui o máximo de fotos de 
aviões antigos que foi possível, mostrando todos os ângulos dos aparelhos, inclusive 
detalhes das construções, tanto de exterior como interior. Senti que só assim conseguiria 
retratar para o leitor como realmente teria sido voar numa daquelas aeronaves. Além da
 variedade de aviões usados pelos os pilotos franceses, ingleses, americanos e alemães,
 eu também precisava saber como eles se vestiam para voar.


       Eram poucos os padrões de uniformes. Alguns vestiam jaquetas de
 couro com  revestimento de pele. Outros prendiam fitas coloridas aos capacetes 
(como os cavaleiros de antigamente) e usavam lenços compridos que tremulavam 
ao vento. Eles pintavam suas aeronaves de forma distinta para identificar os inimigos. 
Incluí todos estes elementos e outros. Isso deixou a história e os personagens mais 
próximos de mim, e muitos mais prazerosos de se desenhar.




       Quantas vezes você já leu uma História em Quadrinhos que se passa 
em numa grande cidade?. Uma cidade é supostamente composta por ruas, 
carros, lojas e pessoas. Nós vemos um Herói e um Vilão lutando no teto de...
...de uma caixa de papelão??. Não pode ser.....Mas é verdade. 
Veja o exemplo abaixo, no desenho, as figuras estão boas,
 mas o prédio, que mais parece uma caixa de papelão
destruiu completamente a ilusãoNós desenhistas devemos 
criar uma ilusão de realidade, não destruí-la!.





- Resumo da Aula de Hoje:

PESQUISE REFERÊNCIAS ANTES DE COMEÇAR A DESENHAR!!!


(Joe Kubert dando aulas de Historia em Quadrinhos na escola que ele fundou).

1. Arrume o máximo de figuras que puder dos objetos que pretende 
desenhar, visto pelos mais variados ângulos possíveis.


2. Vá sempre à biblioteca local e livrarias do bairro. Estes lugares possuem uma
 riqueza de informação para todo artista e desenhista.


3. Entre na Internet e em minutos você poderá encontrar imagens de todos os 
temas imagináveis.


4. Construa seus próprios modelos. Assim você terá um exemplo tridimensional 
permanente do seu objeto de todos os ângulos.


5. Veja os Vídeos mostrando animais, lugares e coisas.

6. Visite os museus locais e não se esqueça de levar seu caderno de esboços.
 Desenhe tudo o que chame sua atenção. Você nunca sabe quando 
pode acabar usando esses esboços como objetos numa historia em quadrinhos 
que irá desenhar."

Joe Kubert.
  
(FONTE: Livro: "Aprendendo a Desenhar com os maiores mestres internacionais" vol. 1
 - Editora Panini Comics - 2006).