quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Um Bate-papo com Joe Madureira - desenhista da Marvel Comics.


Joe Madureira - Desenhista SuperStar - Marvel Comics



CONSELHO DO DESENHISTA JOE MADUREIRA:


- Apresentação de Portifólios



    " Ok. Você sabe o que quer. Talvez queira desenhar quadrinhos, sendo um artista desenhista, arte finalista, colorista, etc.

     Mas você está pronto para isso? Realmente pronto? Vou deixar algumas importantes dicas para quando for mostrar seu trabalho a um potencial empregador, para um Editor ou para um Agente internacional de Comics. Isto é, produzindo um portfolio ou artes para submissão e algumas vezes acompanhado com desculpas ou desculpas antes mesmo de mostra-los.



      Eu vou ser descaradamente honesto:

- Eu simplesmente odeio fazer comentários e análises. Muitas pessoas me pedem para olhar para o seu trabalho, e por uma infinidade de razões, não é algo que eu normalmente faço.

       Resumindo, eu sou um artista, não um professor.

        Eu não gosto de sentar para analisar trabalhos, mas, ocasionalmente, eu tenho que fazê-lo , (como quando estamos contratando).

     E eu estou tão decepcionado muitas vezes antes mesmo de ver o trabalho. Se é em um evento, ou alguém buscando um trabalho em um estúdio, e há uma coisas a nível pessoal e de conduta que os artistas dizem ou fazem comigo (e, provavelmente, qualquer empregador) que sua apresentação do material se transforma instantaneamente em um grande fora.

    Aqui estão algumas coisas que eu geralmente ouço quando o artista mostra seu portfolio para mim, antes de eu sequer olhar para ele:


-Isso é coisa velha. Eu comecei melhor. Mas eu não tenho exemplos de minhas coisas novas aqui por motivo de 'x'.

-Por razões de 'x', eu tive que trabalhar rapidamente nele, por isso que ele não saiu tão bem se eu tivesse dedicado mais tempo nele.


-Quero trabalhar com arte comics / seqüencial / ser um animador / artista de storyboard, etc, mas tudo o que tenho é um caderno preenchido com cenas na cabeça e desenhos de figura e não de arte seqüencial que seja.



        - "..." (Eu olho para cima a partir de um papel manchado de café que parece que foi amassado em uma bola, passou por um ciclo de lavagem, secagem e, em seguida, achatado novamente pelo artista, que usa seus minutos com pouco caso antes de se aproximar de mim.) O artista tem uma expressão vazia no seu rosto ...


     -Eu sou muito jovem / inexperiente. Apenas começando.


      -Eu não posso mostrar o meu melhor material, pois ainda estou finalizando-o.

     -Essa coisa não é realmente o estilo que vocês estão procurando, mas eu sou muito versátil e posso fazer qualquer estilo. Prometo.


       Há mais. Mas eu vou parar por aí. Aqui está onde quero chegar.

         Se você sabe de antemão que você não está mostrando o seu melhor trabalho, você está desperdiçando o nosso tempo. O meu e o seu.


       Se você está tentando conseguir um emprego, você 

precisa mostrar o seu melhor material! Coisas atuais!!!

     Se você não tem nada que se encaixa no estilo do que é buscado, Trabalhe em novas coisas. Depois de desperdiçar o tempo de alguém, você só terá diminuído a chance de ficar em uma sala com eles novamente. Mesmo que sua nova amostra seja surpreendente - por que quem analisou tinha expectativas da primeira vez que você entrou!

     Este é um trabalho. Um emprego que paga, e paga bem. Pense como um profissional.

Pense nas situações que citei acima; é uma situação tipo entrevista de emprego, e que mostra uma completa falta de profissionalismo e bom senso. Sério.

Especialmente se você estiver trabalhando em jogos ou animação, ou um grande estúdio de qualquer espécie - tanto do seu trabalho envolve a resolução de problemas e colaboração. Se você não é ainda capaz de montar um portfolio decente, você não tem chance. É o primeiro degrau de uma escada "muito" alta.


  Talvez você não queira se candidatar à um emprego.

 Talvez você só queira uma crítica simples sobre as coisas

 que está carregando com você. Ok. O que o levaria a ficar 

em uma enorme fila, durante uma ou duas horas, e, em 

seguida, pedir a alguém para olhar para as suas coisas, 

sabendo que não é o seu melhor?


            Algumas pessoas conseguem fazê-lo, falando diretamente para mim - eu já odeio fazer isso - e se você se atreve a me bater com uma das citações acima mencionadas, apenas me deixa coçando a cabeça e dizendo "POR QUÊ?!!" Você sabe que você não está pronto! Você só me deu desculpas sobre o porquê de eu não gostar de seu trabalho antes de eu sequer olhar para ele.

      Em algum nível você sabia... Se você já pode ver as 

deficiências em seu trabalho, 

trabalhe em seu material PRIMEIRO. Trabalha nele até que 

você possa produzir o seu melhor, com orgulho e confiança. 

Se você acha que é uma porcaria, NÃO mostre isso para 

mim!



     Eu sei que isso soa duro. Mas esta é a verdade, e eu realmente não tenho nenhuma razão para dizer isso a não ser para ajudá-lo.

    Eu ouvi este conselho no início e ele ficou comigo. Até certo ponto, até mesmo os profissionais talentosos seguem esta regra em uma base diária.

     Eu não mostro nada a ninguém até que esteja em um estado que eu esteja satisfeito com ele.

      O mais provável é que você nunca vai conseguir ver os layouts ou toda a porcaria que eu joguei fora para chegar a minha peça final. Você precisa ser muito auto-crítico. Seja honesto com você mesmo sobre onde você está, e trabalhe em suas áreas que tem dificuldades.

     Quando você honestamente, sentir que você está no 


melhor de sua capacidade, então você pode mostrar o seu 


trabalho com confiança, e o feedback que você está indo 


obter será muito mais valioso. 


Ok, de volta para ele!" 




Fonte: Rascunho Studios.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

DC made in BRAZIL #01


        IVAN REIS. ED BENES. JOE PRADO. EDDY BARROWS. PAULO SIQUEIRA. RAFAEL ALBUQUERQUE.

     Seus nomes estão entre os mais aclamados desenhistas que os fã de HQs já tiveram a oportunidade de conhecer. Com determinação, comprometimento e um show de talento, eles conquistaram o exigente mercado de quadrinhos estadunidense. Confira nesta HQ (DC made in BRAZIL, editora Panini Comics, edição #01 - 2011), uma seleção de fantáticas aventuras com os maiores personagens do Universo DC, pelas mãos destes que são tidos como alguns dos mais talentosos artistas brasileiros que trabalham para o exterior na atualidade!

Carlos Rodriggs.

Benes ganhou o Mundo com o seu traço genial.



Ed Benes: De Limoeiro do Norte para o mundo




Destaque na Revista VEJA, o cearense José Edilbenes, ex-servente de pedreiro, faz sucesso desenhando super-heróis para uma das mais poderosas editoras de quadrinhos dos Estados Unidos.


     Em Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, onde as carroças ainda disputam espaço com motos e bicicletas nas ruas, todos conhecem José Edilbenes Bezerra, de 36 anos, como "aquele que desenha". Desde os 18, quando deixou de fazer bicos em uma fábrica de filtros e de trabalhar como servente de pedreiro, ele passa até onze horas por dia, incluindo sábados e domingos, sentado numa escrivaninha com o lápis em punho. Mesmo sem entender inglês nem nunca ter saído do país, Edilbenes é contratado exclusivo da poderosa DC Comics, a segunda maior editora de quadrinhos dos Estados Unidos, detentora de títulos como Batman e Superman.


TODOS OS HERÓIS DE EDILBENES: Para desenhar do Superman ao Batman, o desenhista, que não fala inglês, recebe os roteiros traduzidos.



         Os quadrinhos que desenha raramente chegam a uma das três bancas de Limoeiro, mas ele não se incomoda com isso. "Aqui todos sabem o que eu faço. Vira e mexe vem um garoto me mostrar uma ilustração e pedir dicas", diz Ed Benes, apelido pelo qual é conhecido no exterior. O cearense não é o único brasileiro do ramo a fazer sucesso nos Estados Unidos. O número de artistas nacionais que emprestam seus traços às editoras de quadrinhos americanas triplicou nos últimos quatro anos. Atualmente, outros 150  desenhistas e coloristas trabalham nesse mercado. A maioria faz 22 páginas por mês, o equivalente ao tamanho de uma edição. Como recebem de 50 a 500 dólares por página desenhada, sua renda mensal varia de US$ 1 100 a US$ 11 000 dólares.





      Os desenhistas brasileiros são parte de uma indústria que movimenta anualmente, só com a venda de publicações, 330 milhões de dólares nos Estados Unidos. Neste ano, dos dez quadrinhos mais vendidos por mês, dois foram desenhados por artistas nacionais. O traço brasileiro não agrada só ao público: faz sucesso também entre os críticos. Em 2008, o gaúcho Rafael Grampá e os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, de São Paulo, venceram o Eisner Awards, premiação americana que é considerada "o Oscar dos quadrinhos". A equipe, que inclui dois outros desenhistas estrangeiros, ganhou com uma série de histórias sem balões em que os personagens são os próprios desenhistas. "Depois do prêmio, ficou muito mais fácil discutir novos projetos com as editoras", conta Moon. Hoje, ele e o irmão trabalham juntos em projetos para duas editoras internacionais. 





      O crescimento da participação de estrangeiros no mercado de quadrinhos americano (além dos brasileiros, também italianos e filipinos vêm ganhando espaço nele) deve-se principalmente à facilidade com que, graças à internet, as editoras identificam novos artistas e recebem deles os desenhos. Além disso, o preço de página de um iniciante estrangeiro é menor do que o de seu equivalente americano. "Enquanto um brasileiro que está começando cobra, no máximo, 75 dólares por página, um americano não trabalha por menos que isso", diz Joseph Rybandt, editor da Dynamite Entertainment. "Claro que, quando eles ficam mais renomados, o salário acaba se igualando", diz.


              As agências especializadas, que se encarregam de fazer a ligação entre artistas e editoras, são outro elemento facilitador na contratação de estrangeiros pelos americanos. Segundo Chris Allo, coordenador de talentos da Marvel Comics, grande parte dos desenhistas brasileiros não fala inglês e, portanto, não entende os roteiros originais das histórias que ilustra. As agências é que se encarregam de fazer a tradução. Ed Benes usa esse tipo de serviço. Mas, quando tem de se comunicar com o intermediário que vende originais de seus trabalhos a fãs nos Estados Unidos (ao preço de até US$ 11 000 dólares á US$ 15 000 dólares cada desenho), recorre ao tradutor automático do Google. Mensalmente, ele recebe da DC Comics em torno de US$ 8 000 dólares, descontados os 18% que ficam com a agência. O dinheiro o tornou um dos moradores mais ricos de sua cidade. Difícil é gastá-lo, já que na pequena Limoeiro nem cinema tem. Para ver seus heróis na tela, o artista tem de viajar 200 quilômetros até Fortaleza.


    Quando os primeiros desenhistas brasileiros começaram a ser contratados nos Estados Unidos, no fim da década de 80, os editores temeram que seus nomes soassem latinos demais para os ouvidos americanos. Ao sul-mato-grossense Marcelo Campos, por exemplo, sugeriram que assinasse "Marc Fields". "Não gostei, mas acabei topando assinar como Marc Campos", diz. Um dos pioneiros do mercado, ele foi desenhista dos mutantes do X-Men e do Homem de Ferro, entre outros personagens. Hoje, Marc voltou a ser Marcelo e abriu uma escola de desenho em São Paulo, para ensinar garotos que aspiram um dia dar vida ao Superman ou mostrar uma batalha entre o Homem-Aranha e o Duende Verde na Times Square – ainda que nunca tenham estado lá, como Ed Benes.



    Há algum tempo, o artista cearense foi convidado pela DC Comics para participar de uma convenção de quadrinhos em San Diego, na Califórnia. "Tudo pago, mas eu não quis ir. Nem passaporte eu tenho, e daria muito trabalho para tirar." Ed chegou a morar em São Paulo, mas não gostou da experiência. "Lá é um desassossego só. Não quero sair daqui, não." Nem precisa. De Limoeiro do Norte, seus desenhos já dão a volta ao mundo.




Em uma visita à São Paulo, Benes palestrando na Impacto Quadrinhos Studios.


**Fonte: matéria publicada em 2012 na VEJA.com, por Kalleo Coura. 

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Modelo Vivo: O Melhor Instrumento de Ensino

By Carlos Rodriggs



      O primeiro passo para se aprender a desenhar "tudo" que se possa imaginar é começando pela Anatomia Humana, (seja ela quaisquer: a anatomia feminina ou a masculina), estudando sua forma, perspectiva, ângulo, esboços, composição, sutileza, detalhes, construção, proporção, definição, sensualidade, dinâmica, efeito, observação, trajes, ação,traço, etc... Claro, o artista profissional completo domina ambos o gênero da figura humana.



                    Por causa da complexidade que o corpo humano apresenta, o artista profissional vive em um constante estudo sobre Anatomia e Fisiologia. E este constante estudo é realizado em torno da Observação do Artista. Portanto, para os aspirantes á desenhistas, além de estudar muito a anatomia humana, e também é de extrema importância à prática da Observação, ou seja, observar é fundamental!.


         Além disso o comportamento humano também é relevante, e saber fazê-las corretamente é um desafio. Por isso, que muitos editores mede o grau de talento e profissionalismo através da anatomia que o artista desenvolve no portifólio, principalmente a expressão do rosto, que exige um estudo minucioso á parte, porque, é o rosto da figura humana o que há de mais importante em um desenho figurativo.


            Uma parte fundamental dos estudos, e uma das mais divertidas, é a prática da Observação!.


        A primeira parte da observação, para os artistas que estão no nível básico no aprendizado sobre desenhos, são as cópias de desenhos dos artistas preferidos. Como disse Sebastião Seabra, ( mestre dos quadrinhos brasileiro e professor de Desenho), "- [...] simplesmente abra um bom Gibi, de autor com um traço com que você se identifique, e copie. Copie muito. Cópias setorizadas. Exemplo, copie todas as poses de determinada personagem. Repare que, além de serem cópias minuciosas, você irá criando elementos, acrescentando coisas que o artista não fez."


         A segunda prática de observação, é para os artistas que estão no nível intermediário, é o uso de fotos, imagens de revista e jornal, este tipo de aprendizado é importantísssimo para o aluno. Com o uso de fotos como referências para os desenhos, isso evitará que o artista, (estudante ou profissional), cometa erros graves de anatomia, proporção, perspectiva e aplicação correta da "Luz e Sombra" . Ainda cito Seabra: "- É bobagem querer fazer um trabalho sério sem usar o referencial adequado, trabalhar de 'cabeça', reproduzindo certos ícones, objetos, ou animais muito conhecidos é derrapar num terreno perigoso. Exemplo, você se atreveria a desenhar a torre Eiffel, o trem bala japonês, ou mesmo um tatu, sem uma foto ou um referencial decente? É claro que não."


       O desenhista, ao contrário do que pensa a maioria, não é nenhum mágico. Não tem a obrigação de saber tudo. O que determina um bom desenhista não é o processo que ele usou para fazer esta ou aquela ilustração, mas sim seu resultado.





      O aprendizado não termina nunca. Ao folhear revistas e jornais encontramos fotos que, com sorte, darão ótimas referênciais para um belo desenho. E uma outra dica, não fique "preso" ao único tipo de referência, para os seus estudos busque outras "mídias" como referência, como por exemplo: os filmes antigos (preto e branco), desenhos animados, Cinema (atual), etc...
    A literatura também, talvez muito mais do que qualquer foto ou quadrinho, por mais paradoxal que isso possa parecer, ajuda a enriquecer o trabalho artístico. Seabra ressalta:
É na literatura de obras fantásticas que nossa imaginação floresce, corre solta, é lá que as imagens pululam sem freios."

    O uso de referência de Modelo Vivo, este é o melhor aprendizado de ensino que um aluno de artes pode proporcionar. Eu repito a dizer que para desenhar a figura humana, exige-se intenso estudo prévio de Anatomia. Copiar fotos e usar o Cinema como referencial simplesmente não basta. A figura não fica consistente e o aprendizado do artista fica limitado. Pois, para isso, é necessário o estudo e a exploração do Modelo Vivo.

    Seabra comenta: " O aprendizado com modelo vivo é fundamental na criação das figuras. O desenho flui mais rápido na cabeça do aluno, as soluções são mais pessoais - sem influência de outros artistas - enfim, o exercício com modelo vivo é básico. A munição do artista é a referência: fotos, revistas diversas, enciclopédia etc. O desenhista bem estruturado é aquele que tem ou sabe onde buscar com rapidez o referencial para definir/ finalizar seu trabalho."



      O dicionario define o que seria "Modelo Vivo": " Desenho de modelo vivo é o exercício do desenho da figura humana (corpo humano) na presença de um modelo nas suas várias formas e posições. A execução deste tipo desenho pode ser de uma forma simples (com carvão,por exemplo), ou mais detalhadamente, usando lápis ou outros tipos de ferramentas de desenho. Se tinta for usada, o processo ( mas não o trabalho terminado) é denominado de 'pintura da figura humana'. A variante tridimensionalda representação do corpo humano denomina-se de 'escultura' da figura humana."


     O desenho é um dos mais fundamentais modos de expressão humana. Desenhar é compreender o que se vê ou se imagina. Para muitos o desenho é apenas um processo, uma mera etapa no caminho da chamada "arte-final". Outros o elevam ao mesmo panteão das outras artes, não mais como degraus numa escada rumo a um objetivo, mas o ato de satisfazer uma grande paixão. E ter paixão no que faz, é um dos "ingredientes" principais para uma obra-prima de sucesso. Existem pessoas que gostam de representar marinhas, outras preferem natureza-morta , há quem se apaixone por paisagens....Mas todas elas passaram algum dia, pelo o estudo da figura humana.


              Quem frequenta ateliês de artes, já sabe que um dos maiores desafios nesta prática é a perfeição da representação da figura humana! - deixando nítida a ilustração do movimento, expressão facial e intenções corporais da figura, etc.


     Desde quando nasceu a Arte no Mundo, eu acredito que também nasceu junto a obsessão do artista em busca da perfeição. Porque, nem um herói, não suportaria a perfeição, como provou a mitologia grega...(Ulisses, herói, não suportou, em Ogigia, terra dos deuses, da divina Calípso)...Nas literaturas gregas isso ficou bastante claro, de que a busca à perfeição do artista para a sua Arte, é essencial para a expressão do sentimento. E logo,em seguida, esse tipo de raciocinio imposta pelo os gregos foram influênciada pela Cultura Romana, que por sua vez, influênciaram a cultura de todo o mundo.


      E com a medida certa (com moderação), essa busca é o "combustível" que irá mover o "motor" (talento, - este "Dom" artístico) que existe em cada um de nós, seres humano. E é nessa busca da perfeição, que nasce os grandes "fenomenos" artísticos, é onde o talento explode para fora como se fosse uma explosão de uma estrela Supernova ou a força de um Buraco Negro no meio da galáxia. E isso é notável quando observamos os grandes gênios da Arte, que fizeram (e ainda fazem) parte da Evolução da História da Humanidade, como exemplo: Da Vinci, Miguelângelo, Rembrandt, Delacroix, Maitisse,Van Gogh, Reinor, Loutrec, Picasso, Antonio Parreiras, Portinari, etc.....


      "[...] Se você desenha bem o modelo, todo o resto se torna mais facil." explicou o professor Bandeira de Mello, a quem o ilustrador Renato Alarcão, (artista nato e professor de artes do Rio de Janeiro), teve por mestre por vários anos em aulas de modelo vivo. " É muito diferente você pegar uma fotografia e dali fazer um desenho", diz Alarcão. E ele completa: " (...) na prática, uma pessoa diante de você é um objeto tridimensional, e a transposição daquela forma espacial para a superfície bidimensional do papel é um dos maiores desafios no campo do desenho."



  No processo de aprendizagem do desenho de modelo vivo, há que se lidar não somente com os desafios técnicos de intrepretar a figura humana, a composição, as harmonias de formas, o uso da linha ou da massas, o claro/escuro ("chiaroscuro"),etc....Tão importante quanto o aprimoramento técnico é também o lado emocional, onde o estudante, muitas vezes ansioso por progressos rápidos, deve aprender também a administrar aquela "gangorra" de sentimentos de frustação e exultação que se alternam ao longo do lento processo de educação do olhar da destreza manual. No desenho, assim como em qualquer expressão artística, não há atalhos no aprendizado.


            Para o Desenhista Profissional, a nudez da(o) modelo não inspira pensamentos devassos entre os artistas, como todo "mundo" pensa, ao contrário a(o) modelo inspira o artista a produzir Arte, evidentemente, e também contribui para o desenvolvimento técnico do próprio artista.

          Patrícia Martins é uma das principais modelos com quem Renato Alarcão, trabalha em suas aulas de desenho e pintura. E em uma entrevista perguntaram: "- Existe diferença entre posar para estudantes ou posar para artistas experientes? " E ela respondeu: "- Sim. Posar para estudantes é participar da formação deles, inclusive no que diz respeito aos possíveis constrangimentos quando não estão acostumado à lidar com a nudez no processo de aprendizagem do desenho. Com os profissionais que têm interesse exclusivamente artístico, científico, ou de meramente aprender ou praticar o desenho, o trabalho flui bem."





    O mais importante que a modelo deve possuir é a presença, somente a presença do modelo, isso é o suficiente para a inspiração de uma grande Arte, nesse quesito a aparência não conta muito, é o que a Patrícia explicou: "-Normalmente quando o modelo, independente de sua formação e experiência, é um pouquinho exibicionista, um pouquinho narcisista ou tem uma figura expressiva (muito bonita ou muito feia, bem ossuda ou obesa, musculosa, ou com pele sem marcas de roupa de praia, de pele muito escura, ou alvíssima, atlética ou pelancuda), ele faz de si um tema interessante. Se a pessoa faz isso voluntariamente ou não, isso não importa."





     Então pegue o seu caderno e um bom material e seu velho companheiro lápis 6B e começa a frequentar Sessões Públicas de Modelo Vivo em Centros Culturais, (são encontros artisticos gratuitos!).


     Uma outra maneira de praticar o "modelo-vivo", são com aqueles bonecos articulados! (as vezes apelidados de "Manequins em miniatura para desenhistas"). Estes bonecos são fundamentais para o crescimento técnico e aprendizado do aluno de artes, principalmente quando se diz a respeito de "luz e sombra", faça o teste, pegue uma lanterna, abaju ou uma vela, aplique a "luz e sombra" no boneco articulado, e facilmente você irá notar a facilidade que o artista terá de analisar a acomodação correta da sombra sobre o corpo humano.




  
 Considerações finais


        O aficionado por desenho tem um longo caminho a percorrer...portanto não desanimem. Estude Bastante!. Quem desenha sabe que o ato de criar é gratificante por si só. Disciplina, e o prazer pela a busca de conhecimentos e um conjunto de esforço, são essenciais para o melhoramento do seu traço. Um bom profissional, bem formado e bem estruturado para resolver qualquer trabalho, não só se diverte muito com suas criações, mas cumpre seus prazos em dia, renovando e atualizando sua Arte...está, sempre em eterna mutação.





        Portanto, para o estudante de Arte, resta apenas 3 palavras: Desenhar, Desenhar e Desenhar!. E quando estiver cansado, desenha mais um pouco!!.


Ah.... eu recomendo que você leia também um Artigo Técnico-Científico da Fátima Alfredo  que fala sobre o Estudo da Representação Humana, que eu fiz questão postar, aqui no meu blog para os meus alunos!



       E até próxima galera!!! fuiiiii!!!.......

Estudo da Representação Humana


By
Fátima Alfredo


     "Sabemos que a história da figura humana se encontra atravessada pelo ato de conhecer o universo pelo próprio homem. Nesse sentido, ao revermos nossa história, nos vemos a identificar e compreender as diferentes configurações culturais, conformadas por percepções sociais, filosóficas, religiosas e científicas. Subjacentes ás manifestações expressivas de cada cultura, projetos imersos na consciência perceptiva que tais sujeitos produziram sobre o mundo, encontram-se as projeções do homem. Assim, ao se projetar, o homem se lança á aventura o seu lugar no mundo." (Derdik, 1990)



*(Figura acima: traços by Alexandre Greghi)

      Durante toda nossa história, o corpo humano nunca deixou de ser uma encruzilhada de acontecimentos culturais e sociais, animais e psíquicos. O corpo é e sempre será um complexo de símbolos que vai além de si mesmo. Assim sendo, " a unidade efetiva das histórias era a figura humana" (BAXANDALL,1972), seguramente existe sobre ela, um incontestável inventário reunido durante milênios, constituindo um valioso patrimônio á História da Arte.

      O estudo de modelos que ainda é exercício obrigatório para a preparação de profissionais ou amadores cujo intento é representar figurativamente o ser humano, passou a ser tão valioso na arte da concepção (Raisionné) no inicio do século XX, quanto à concretização da obra em si. Segundo Baxandall "toda figura desenhada tem o propósito de representar algo", então se tornou comum, colocar à venda, séries de cátalogos Raisionné de artistas famosos.


      No período Renascentista, o estudo das proporções humanas, ainda segundo BAXANDALL, era bastante primário em relação às regras matemáticas já conhecidas pelos comerciantes. 




    Como regra de ouro, por exemplo  O estudo do modelo humano enquanto disciplina fundamental à formação artística permanece com alto valor pedagógico e empreendedor para tais aptidões perceptivas. Exemplo de um quadro de disciplinas atualmente lecionadas nos diversos cursos da EBA/UFRJ: (BAF 205 - Modelo Vivo I - BAF301 - Modelo Vivo II - BAF 103 - Desenho Anatômico I - BAF 107 - Desenho Anatômico II).


     Na Academia Francesa, o estudo do Modelo Vivo dava-se do geral para o particular. O aprendiz tinha como questão, a apreensão de todo o conjunto. Primeiramente fazia-se o esboço com linhas principais a serem trabalhadas. Havia também o que hoje chamamos de 'Pose de Minuto', exércicio fundamental para uma compreensão rápida da figura posada. Esses alunos já traziam incutidos consigo o necessário ' Ideal de Beleza' dantes adquirido com o estudo das gravuras. BOIME cita que " [...] obviamente, antes da aparição e desenvolvimento da gravura, a única opção possível para os estudantes era a cópia dos desenhos de mestres, o que testemunham os tratados mais antigos, como o de Cenino Cennini[...]. " Em seguida, os alunos dedicavam-se à cópia de modelos em gesso. Chamados de modelos tridimensionais. Depois então, passavam a copiar pinturas originais de alguns grandes mestres.


      Na AIBA, o promotor desse legado foi Nicolas-Antoine Taunay, que desde 1834 ao ocupar o cargo de diretor da Academia, promoveu uma reorganização da sua estrutura de ensino. Baseando-se nos moldes da Academia Francesa, implantou aqui, as disciplinas de Modelo Vivo e as aulas de Anatomia.


     Os alunos daqui também eram iniciados estudando cópias de telas ou estampas vindas da Europa, apesar da distância cultural 
existente entre os continentes, repito BAXANDALL:

"[...] as capacidades de que somos mais conscientes não são aquelas que obsorvemos, como todo mundo durante a infância, mas aquelas que aprendemos de modo formal, com esforço consciente: aquelas que nos têm sido ensinadas. [...]"




          Este primeiro momento era chamado de estudos planos. O uso de gravuras tornou-se mais usual devido às dificuldades de se conseguir modelos originais. O M.D.J.VI guarda um grande acervo dessas gravuras, que ora serviram para formar o elenco conhecido no mundo cultural do país. Depois, os aprendizes se davam aos estudos de partes do corpo humano para logo em seguida começarem o desenho de corpos conhecido como 'academias'. O estudo se completava com desenhos de moldes em gesso e até de cópias originais greco-romanos.



       As aulas de Anatomia e Fisiologia das Paixões, que eram aulas teóricas e práticas imprescindíveis para o conhecimento dos ossos e músculos do corpo humano, eram aplicadas logo após os alunos terem feito a disciplina doe Modelo Vivo e consistia em grande peso para a formação acadêmica dos matriculados nessa sessão. Sendo que, das aulas de Modelo Vivo somente poderiam participar alunos, artistas e professores designados pelo 
Corpo Acadêmico, com licença especial do Diretor. 




              Esta disciplina foi criada em 1831 e rea ministrada na Academia Imperial de Belas Artes por médicos e obrigatória aos alunos de Arquitetura, Escultura, Pintura de Paisagem e Pintura Histórica. Cabia ao professor de Pintura ou Escultura escolher variados biótipos humanos para as aulas. Só depois de finalizada tal etapa, ficava o aluno habilitado a cursar as disciplinas seguintes.


"[...] não há maior dificuldade que a figura humana, e o artista que toma a si a responsabilidade de guiar os jovens artistas deverá continuamente observar que não se desviem d'esse fim: a figura humana [...]." (Bernardelli, 1980)

      Em carta enviada ao aluno Vitor Meirelles, ganhador de um prêmiode viagem à França, Manuel de Araújo Pôrto-Alegre suscita que "estude o nu, estude anatomia, estude bem o desenho, e veja se toma Mr. Delaroche por mestre, que é hoje o pintor o mais filosófico e o mais estético que eu conheço.(...) Estude Anatomia e Desenho, porque nossa escola está muito fraca no Desenho."

        Para a antiga academia classicista do inicio do século XIX, o bom desenho era fundamental e valia, além de exposições, prêmios em viagem. O estudo da observação da figura humana continuou com considerável importância no currículo dos cursos supracitados mesmo após as Reformas é até hoje nos cursos que ainda vigoram na atual Escola de Belas Artes.


       O corpo é uma expressão representativa e sua apreensão através das formas desenhadas parece devolver-nos a certeza de que somos um. Mesmo nos fracionados em corpo e alma, em barro e luz, em carne e espírito, em eu e outro, etc.


SOBRE O EPÍTOME:


O "Epítome de anatomia relativa às bellas artes seguido de hum compêndio de physiologia das as paixões e de algumas considerações gerais sobre proporções com as divisões do corpo humano; oferecido aos alunos da Imperial Academia das BellasArtes do Rio de Janeiro" (M.D.J.VI n°. 0039) servia bem como manual completo da época sobre a Anatomia e o Estudo da Fisionomia Humana.





          Escrito por Charles Lebrun, baseava-se nos principais tratados anatômicosaplicados na Academia Francesa desde o século XVII e foi traduzido em Português por Taunay em 1837, trazendo 'Taboas de XI e XII' faz importantes e interessantes estudos sobre o movimento dos músculos nas paixões da alma no compêndio sobre o êxtase. "[...] e o grão máximo de admiração. Quando a este sentimento se une a veneração, e que o seu objetomeramente intelectual não ocupa senão o espírito, a cabeça se deita do lado esquerdo; as sobrancellas e a pupilla se dirigem diretamentepara cima; a boca fica meio aberta, com os seus cantos um pouco elevados. O resto do semblante se conserva no estado natural [...]". (LEBRUN, 1837, p.12)

        Dividi-se em estudos sobre a Osteologia, da Mitologia e da Filosofia das paixões. A primeira parte traz estudo sobre a Osteologia. Acompanha, em seguida, taboas sobre o esqueleto e depois sobre a mitologia. Em seguida, o compêndio trata da Fisiologia das paixões e ainda, considerações gerais sobre o estudo das proporções do corpo humano. Segundo Elaine Dias " a obra é composta das principais teorias artísticas relacionadas à anatomia utilizadas na Académie Royale de Peinture et Sculpture no século XVII, embora haja uma pequena parte relativa ao século XIX advinda do dicionário de Millin, dando especial ênfase à questões das proporções."

        A aplicação por parte dos alunos desses subsídios teóricos e práticos lhes dava consistência na e laboração e moldagem de obras bi ou tridimensionais. Mostrando-se presentes na construção dos resultados plásticos e, capacitando-os, inclusive, no mais elevado gênero de feituras de peças de pleno vulto, formando também exímios avaliadores, professores e artistas.

Aplicação na Escultura



            O estudo do corpo humano é essencial para se formular uma obra escultórica visto que essa se apresenta com diversos ângulos a serem lapidados. Daí, a necessidade dos estudos de Modelo Vivo, Anatomia e Fisiologia das Paixões.

             O escultor tem por obrigatoriedade, conhecer o mecanismo de funcionamento da anatomia humana. Haja visto que desde a Renascença, muitos artistas da época já mostraram interesse pelo estudo do corpo humano.




         A aplicação na Escultura, do conhecimento Anatômico e Fisiológico dá-se mesmo em obras supostamente abstratas. Veja- se que no Construtivismo, mesmo tendo sido a escultura mudada em sua concepção de ser esculpida, inserindo -se nela, materiais diferentes dos tradicionais, indo assim a idéia de Anatomia estará presente.

           Apesar de todo esse pré-conceito sobre escultura escultórica figurativa, não é afastado o livre-arbítrio para a imaginação criadora. Ao contrário, o conhecimento das disciplinas permite aplicabilidades de conotações 'românticas' e até o uso de pulsões mais subjetivas, onde tal aprendizado nas aulas de Fisiologia das Paixões e anatomia mostra-se presentes nessa construção, acarretando aos bons resultados plásticos. A figura ganha mais realidade física, fazendo-se "adequação do movimento das circunstâncias mentais, como o desejo, a cólera, e a dor. Os movimentos e as atitudes devem estar de acordo com os acontecimentos da alma." (VINCI, Leonardo da)

     Para marcar bem a caracterização de uma figura escultórica, prima-se em trabalhar: bem o rosto a ser esculpido.

    [...] É verdade que o rosto fornece indícios sobre natureza dos homens, seus vícios e temperamentos. As linhas que separam as bochechas dos lábios e aquelas que marcam as narinas e circundam os olhos indicam claramente se o homem é alegre e ri com frequência. aqueles cujas faces só possuem algumas dessas marcas se entregam ao exercício do pensar. Aqueles cujas faces estão profundamente marcadas são brutos, irascíveis e irracionais. Aqueles que têm a fronte sulcada por linhas horizontais profundas são repletos de tristeza, seja ela secreta ou declarada.



     Porém, sabe-se que este é um trabalho bastante complexo. Aí devem estar bem explícitos os códigos de expressão facial apreendidos nas aulas de Fisiologia e Anatomia. Tão importante quanto à boca, são os olhos. Neles deverá estar expressos toda subjetividade representada na escultura." (da Vinci) 








        Outro cunho fundamental escultórico são as mãos. Caso uma figura apareça envolta em vestimentas, ficará à mostra as mãos e o rosto. Concentrar-se-á, ai, nessas duas peças, toda a expressividade da figura esculpida.Tão fundamental é para o escultor o aprendizado da representação humana, que sem ela, os escorço característicos que dão às esculturas o movimento necessário e a sensação de tridimensionalidade, não poderiam ser aplicados. Independente do tipo de representação, a escultura tem que representar quaisquer sentimentos com a mesma nobreza de expressão e adequação às formas subentendidas. A estatuária romana deixa bem evidente ao observador, a retratação de um magistrado, um imperador ou deus.


         No século XIX era comum o procedimento do 'vazado'. Tal experimento era obtido através de um molde onde se submergia o corpo a ser esculpido em uma massa bem líquida que ia endurecendo lentamente. A difusão desta prática em alguns ateliês induziu a dúvidas quanto à legitimidade criadora de certos artistas, pois os escultores, que mesmo não usando de tal artifício conseguiam resultados bastante semelhantes, eram confundidos com os usuários 
desta prática fácil.





Ao usar este Artigo, mantenha os links e faça referência ao autor: O ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO HUMANA publicado 09/07/2010 por Fátima Alfredo em WebArtigos.

- Ah galerah também leia este TEXTO falando sobre a importância do "Modelo - Vivo" no ensino da Arte feito por Carlos Rodriggs.